Connect
Sou nascido e criado na comunidade do Turano localizada na Zona Norte do Rio de Janeiro, durante a minha adolescência e início da minha juventude eu fiz partes das estatísticas negativas registradas em minha comunidade, a escassez de oportunidades e falta de referências positivas em minha favela, fez com que eu fosse influenciado pela atmosfera local, realizando um mergulho profundo no mundo da criminalidade e uso de drogas tendo diversas passagens pelo sistema carcerário da minha cidade.
A virada de Chave
No ano de 2010 após conquistar minha liberdade, tive a oportunidade de trabalhar de forma informal nos arquivos do Jornal do Brasil onde pude ter acesso a matérias antigas e atualizadas que narravam a realidade de extrema vulnerabilidade da minha comunidade, logo após essa experiência, com o processo de pacificação sendo consolidado no RJ e consequentemente em minha comunidade, eu puder trabalhar fazendo a linha de frente entre as oportunidades de qualificação profissional do sistema FIRJAN no Turano, foi nesse momento que eu tive um contato próximo com as demandas sociais da minha Favela, e percebi a necessidade de ter um líder e um projeto no centro da comunidade, que pudesse criar uma revolução de dentro pra fora e transformasse a realidade atual do Turano.
A revolução
No ano de 2014 eu tive a oportunidade de conhecer o Guillame um francês surfista que tinha uma ligação próxima com minha família e que estava de férias no Brasil, ele me doou a minha primeira prancha de surf, e a partir desse contato com o esporte eu pude descobrir a ferramenta de trabalho que eu iria utilizar para transformar a realidade de minha comunidade, nesse período eu mobilizem meu professor de surf que também era morador de Favela para dar aulas de forma gratuita para crianças do Turano, no ano de 2017 com a chegada da crise econômica eu fui demitido do Sistema FIRJAN, e a partir desse momento eu resolvi que iria me dedicar 100% a esse projeto, mobilizei meus amigos que eram praticantes de esportes radicais ou que tinham alguma experiência na gestão de projetos sociais, e criamos o Instituto Favela Radical, um projeto que utiliza os esportes radicais como ferramenta de transformação social.
Realidade Atual
Hoje podemos contar com uma rede de parceiros que nos ajudam a realizar as atividades do projeto, atendemos a mais de 150 crianças e adolescentes de 08 há 17 anos em aulas de surf, skate, natação, escalada, programação, robótica, zumba e formação sócio emocional, com a chegada inesperada do COVID-19 nos adaptamos a nova realidade, mudamos o nosso modus operandi e criamos campanhas de captação de recursos financeiros e insumos para atender as famílias de algumas comunidades no bairro onde atuamos, e que se encontram em situação de vulnerabilidade gerada pela pandemia, já atendemos a mais de 3 mil famílias com cestas básicas físicas e digitais, materiais de limpeza, em nossas campanhas e ações com parceiros, impactando a vida de milhares de pessoas dentro dessas comunidades.
Retornamos com nossas atividades respeitando as medidas de prevenção e dando continuidade ao desenvolvimento e transformação dos nossos atendidos.
Futuro
Vivemos em tempos difíceis e de incertezas, mais enxergamos o futuro com otimismos e por conta disso já criamos nossos planos e estratégias de atuação para o pós crise, já desenhamos novas propostas de atividades para continuarmos o nosso processo de transformação após a pandemia.
Nossos Parceiros
O problema do Mundo é de todo Mundo. Hoje temos uma rede de parcerias com empresas do setor privado, instituições não governamentais e voluntários que nos impulsionam a fazer essa revolução. Somos rede, somos locais somos Favela Nossa missão é transformar o Turano na primeira Favela Radical do mundo, construindo uma ponte de acessibilidade entre a favela e o asfalto, gerando um gigantesco intercambio de culturas.
“Sou um sobrevivente, através da minha experiência de vida pude adquirir habilidades técnicas que pude implementar na transformação da minha vida e no dia a dia e gestão do Instituto Favela Radical, a falta de referências a escassez de oportunidades, permitiram que de forma orgânica o meu espírito empreendedor florescesse e pudéssemos fazer muito com pouco. Hoje sou um grande entusiasta da ideia de compartilharmos essa história e experiências com líderes sociais, empreendedores e empresas afim de fomentar o acesso de todos a esse propósito de provocar o Mundo.”